Preservação da fertilidade: quando e por que considerar?

O avanço contínuo da ciência tem proporcionado grandes conquistas para homens e mulheres no campo da medicina reprodutiva. Hoje em dia temos técnicas tão avançadas de reprodução humana assistida que a ideia de preservação da fertilidade já deixou de ser um sonho distante, se transformando em uma realidade ao alcance de todos nós.

Com a tecnologia sendo uma aliada para as mulheres poderem planejar a maternidade, cabe uma importante reflexão: quando e por que considerar a preservação da fertilidade como opção?  

Neste conteúdo vamos responder estes questionamentos, e entender melhor, tanto o conceito de preservação da fertilidade, quanto as suas possibilidades para uso no processo de planejamento familiar. Vamos começar?

Preservação da fertilidade

Podemos definir a preservação da fertilidade como sendo uma técnica avançada de reprodução assistida que tem o objetivo de postergar a maternidade e planejar, para homens e mulheres, a chegada do bebê.

O termo em si refere-se ao processo de guardar os gametas, óvulos e espermatozoides, congelados, para uso futuro.

A preservação da fertilidade abraça diversas situações. Há casos mais sérios e graves, como a indicação para mulheres e homens que estão prestes a iniciarem tratamento oncológico, por exemplo.

Há também casos que refletem a mudança da nossa sociedade, como mulheres que desejam postergar a maternidade para vivenciar novos projetos, trabalhos, viagens, dentre outras situações.

Em todos esses casos a preservação da fertilidade se apresenta como uma aliada para mulheres e casais.

Quando considerar a preservação da fertilidade? 

Existem duas perspectivas distintas que podem fazer homens e mulheres pensarem na preservação da fertilidade.

Casos de doenças

A primeira delas é em casos de doenças, que podem prejudicar ou até mesmo impossibilitar a reprodução por meios tradicionais.

Os casos mais comuns, tanto para homens quanto para mulheres, incidem sobre o tratamento de um câncer, que normalmente inclui sessões de quimioterapia, que podem gerar efeitos colaterais muito sérios, como o comprometimento total da fertilidade, já que tende a levar a destruição do tecido ovariano, ou o testicular.

Nesses casos específicos, a preservação da fertilidade, através do congelamento do material reprodutor masculino (sêmen) e do feminino (óvulo) se apresenta como uma possibilidade para que o paciente possa ter filhos futuramente.

É preciso entender, e neste momento a ajuda profissional é fundamental, em quais momentos a preservação da fertilidade é uma opção viável para o paciente.

Podemos adiantar que seu sucesso é muito mais observado em homens e mulheres jovens que estão prestes a iniciar um tratamento como o de câncer.

Como já falamos, é muito mais comum a busca pela preservação da fertilidade em casos de tratamento oncológico, mas não é somente esta a razão quando nos referimos às motivações clínicas. 

Vejamos outros exemplos: 

• Pacientes (homens ou mulheres) com doenças autoimunes que precisam de quimioterapia ou de transplante de medula óssea;

• Mulheres com risco de cirurgia ovariana repetida, como no caso da endometriose;

• Homens submetidos à cirurgia com possível impacto sobre a fertilidade masculina, por exemplo, a retirada de testículos, cirurgias na uretra, próstata ou bexiga;

• Mulheres com risco de falência ovariana prematura.

Transformação social

Do lado oposto à perspectiva patológica, há razões sociais e que chegam como um avanço de nossa sociedade como um todo.

Enquanto no passado era esperado que a mulher parasse toda a sua vida para se dedicar à maternidade, independente de sua vontade ou escolha, agora cabe somente a ela essa decisão.

Assim, temos uma geração de mulheres que desejam levar seus projetos pessoais, profissionais e acadêmicos por anos e décadas, desejam viajar mundo afora e não se sentem, naquele momento, preparadas para a maternidade.

Desta forma a preservação da fertilidade acaba funcionando como uma espécie de seguro, com a finalidade de preservar suas células ou embriões com o seu próprio patrimônio genético. 

Assim, as técnicas utilizadas na preservação da fertilidade permitem que homens e mulheres tenham a liberdade de escolher quando querem ter filhos, seja por meio do congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides), seja por meio do congelamento de embriões.

Por quanto tempo os óvulos e embriões podem ficar congelados?

Se você está interessado na técnica de preservação da fertilidade, certamente deve ter se perguntado a validade que este processo possui para homens e mulheres, não é verdade?

Bem, a resposta não é cientificamente exata, mas muitos especialistas acreditam que a qualidade e a vitalidade não são perdidas com o congelamento. 

Ou seja, há a possibilidade do uso bem-sucedido de embriões, mesmo que muitos anos depois de iniciado o processo.

Quais são as técnicas usadas para a preservação da fertilidade?

• Criopreservação de Sêmen;

• Criopreservação de Embriões;

• Criopreservação de Óvulos;

• Criopreservação de Tecido Ovariano;

• Criopreservação de Tecido Testicular;

• Supressão da Função Ovariana;

• Transposição Ovariana.

Por que considerar a preservação da fertilidade? 

Preservar a fertilidade significa aumentar as chances de ser mãe ou pai em casos de uma doença ou por conta do envelhecimento natural pelo qual todos nós passamos.

Há muitos relatos de mulheres que consideraram realizar o tratamento de preservação da fertilidade porque não se sentiam prontas para iniciar uma gravidez naquele momento da vida, e que tempos depois acabaram gerando um filho através da técnica de reprodução assistida.

Do ponto de vista técnico, é preciso entender que o congelamento é feito através da vitrificação, uma forma de congelamento muito rápida.

Ela permite a preservação de células a temperaturas muito baixas, afetando o mínimo possível a estrutura e a função dos óvulos. 

Assim, quando a mulher decide que é hora de ser mãe, o processo tem continuidade através de outra técnica de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, por exemplo.

Conclusão

Vimos que o sonho em ser mãe, ou pai, não precisa estar atrelado à uma época específica da vida. 

Seja por decisão própria, seja pressionada pela descoberta de uma doença, a preservação da fertilidade tem como objetivo resguardar este desejo, deixando-o bem guardado, esperando o momento certo para a mulher ou casal.

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