Infertilidade masculina: entenda como ela funciona e quais os mitos e verdades sobre ela

A infertilidade masculina, muitas vezes envolta em tabus e mitos, é um desafio enfrentado por cerca de 30% dos casais que buscam a realização do sonho de serem pais, segundo dados da Sociedade Americana de Reprodução Assistida (ASRM). 

Este cenário é, por muitas vezes, marcado pela desinformação e preconceitos ,contribuindo para a falta de compreensão e aceitação, e um estigma que impede que casais busquem ajuda adequada, perpetuando mitos infundados. Por isso, é preciso de uma abordagem mais aprofundada para desvendar suas complexidades.

Neste contexto, é crucial explorar cada faceta desse desafio de maneira científica e informativa, proporcionando clareza e promovendo a conscientização sobre a verdadeira natureza da infertilidade masculina. Por isso, no conteúdo de hoje, vamos entender mais sobre a fertilidade masculina e desvendar alguns mitos e verdades sobre ela. 

Entendendo a fertilidade masculina 

A capacidade reprodutiva do homem inicia-se por volta dos 12 anos de idade, durante a puberdade, quando começa a produção de espermatozoides. Ao contrário das mulheres, que ovulam uma vez por mês e têm uma quantidade limitada de ovos, os homens podem produzir esperma diariamente. Portanto, não há períodos mais ou menos férteis, uma vez que a fertilidade masculina não segue um ciclo como a fertilidade feminina.

A avaliação da fertilidade masculina abrange diversos aspectos, utilizando ferramentas como histórico clínico, exame físico, espermograma e, em situações específicas, exames hormonais e genéticos. Essa análise considera elementos como antecedentes de infecção, traumas, cirurgias pregressas, impotência, além de hábitos como alcoolismo e tabagismo. 

É muito importante que essa avaliação seja feita, porque o componente masculino, sozinho, contribui para 30% a 40% dos casos de infertilidade, e quando associado ao fator feminino, esse percentual aumenta para 50%, sendo responsável por metade dos casos de casais com dificuldades para conceber.

Quando indicado, o processo se estende a outras etapas, incluindo a análise hormonal para avaliar a atividade testicular (por meio de FSH - hormônio folículo estimulante, LH - hormônio luteotrófico, prolactina, androgênios, entre outros, conforme necessário). Ainda existe a investigação da anatomia testicular, que envolve palpação por exame clínico e ultrassonografia, a fragmentação do DNA dos espermatozoides, estudo genético e outros exames específicos para cada caso que também podem ser realizados.

Mitos e verdades sobre a infertilidade masculina

1) As técnicas de reprodução assistida são exclusivas para problemas femininos - MITO:

Contrariando a crença comum, as técnicas de reprodução assistida não são limitadas a fatores femininos. A fertilização in vitro (FIV), por exemplo, pode ser aplicada em casos onde o homem é vasectomizado, demonstrando que essas abordagens são igualmente relevantes para desafios relacionados à fertilidade masculina.

2) A idade do homem não influencia na fertilidade - MITO:

Embora de forma distinta em comparação às mulheres, a idade do homem também desempenha um papel crucial na fertilidade. Estudos demonstram que, com o envelhecimento masculino, ocorre uma redução na qualidade seminal, envolvendo motilidade e morfologia dos espermatozoides. Este fenômeno, muitas vezes esquecido, constitui uma faceta importante do relógio biológico reprodutivo masculino.

3) É possível preservar a fertilidade em pacientes oncológicos - VERDADE:

Homens diagnosticados com câncer enfrentam a possibilidade de impactos na fertilidade devido a tratamentos como quimioterapia e radioterapia. Entretanto, a preservação da fertilidade, por meio do congelamento seminal, surge como uma solução eficaz, garantindo a viabilidade dos espermatozoides para futuras tentativas de concepção.

4) O estilo de vida não tem relação com infertilidade - MITO:

Contrariando a noção de que o estilo de vida não afeta a fertilidade masculina, diversos fatores como obesidade, tabagismo e exposição a substâncias químicas podem impactar negativamente a qualidade e quantidade do sêmen. O entendimento dessas conexões é essencial para abordagens preventivas e de tratamento.

5)  A varicocele pode ser tratada - VERDADE:

A varicocele, caracterizada por varizes no cordão espermático, representa um fator tratável associado à redução da fertilidade masculina. Sua ligação com a produção espermática e atrofia testicular destaca a importância do tratamento dessa condição para otimizar as chances de concepção.

6) Roupas íntimas apertadas afetam a fertilidade masculina - VERDADE:

O uso de roupas íntimas muito ajustadas pode impactar negativamente na fertilidade masculina, uma vez que comprometem a circulação sanguínea, levando ao aquecimento dos testículos. Esse aumento de temperatura pode resultar na redução da quantidade e qualidade dos espermatozoides.

7) A virilidade e a fertilidade tem tudo a ver - MITO:

A associação entre virilidade e fertilidade é comum, mas não tem fundamentos.

Os testículos são responsáveis pela produção da testosterona, hormônio associado à potência sexual. No entanto, a infertilidade masculina está relacionada a fatores como infecções não tratadas, varicocele, exposição a condições ambientais inadequadas, traumas, entre outros, que são diagnosticados pela equipe médica de saúde reprodutiva. 

Portanto, a potência sexual e a fertilidade não estão necessariamente associadas.

8) Homens que já são pais nunca terão problemas de fertilidade - MITO:

A crença de que homens que já tiveram filhos nunca terão problemas de fertilidade é equivocada. A infertilidade pode impactar qualquer homem, independentemente de terem tido filhos anteriormente.

Isso se deve ao fato de que, ao longo da vida, diversos fatores podem surgir e afetar a fertilidade masculina. Questões como obesidade, hábitos viciosos, condições médicas crônicas e os próprios fatores relacionados à idade podem contribuir para a diminuição da qualidade e quantidade de espermatozoides, influenciando na capacidade reprodutiva. 

Assim, é crucial compreender que a fertilidade masculina não é garantida de forma permanente, mesmo após a paternidade. O acompanhamento médico regular e a adoção de hábitos de vida saudáveis são essenciais para preservar a saúde reprodutiva ao longo do tempo.

Conclusão

Com este conteúdo, compreendemos que a infertilidade masculina, permeada por tabus e desinformação, é um desafio enfrentado por 30% dos casais que buscam a parentalidade. Por isso, investigar o fator masculino é sempre essencial.

Além disso, é importante entender como funciona a fertilidade masculina, as diferenças que ela apresenta em relação a feminina e, principalmente, desmistificar os mitos e verdades sobre esse tema, como a relação entre virilidade e fertilidade, o uso de roupas íntimas apertadas e se a idade interfere na fertilidade masculina, é muito importante.

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